Por Redação, 22:00 / 06 de Abril de 2019 Atualizado às 13:02 / 10 de Abril de 2019
Ataque cardíaco também acomete jovens, sendo mais letal que em indivíduos mais velhos. No Estado, 19.947 pessoas, de todas as idades, morreram entre 2014 e 2018, conforme levantamento da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)
Foto: Alex Pimentel
Ter um ataque cardíaco não é apenas uma preocupação dos mais velhos. O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) pode acometer com maior frequência pessoas a partir dos 50 anos, mas jovens e adolescentes também estão sujeitos e precisam ficar atentos ao problema. No Ceará, 19.947 pessoas morreram de IAM entre 2014 e 2018. Dentre elas, 490 estavam na faixa etária de 15 a 39 anos, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o que representa 98 óbitos em média por ano no período levantado.
Para Ednardo Conrado, o caso aconteceu aos 38 anos. O servidor público, atualmente com 52, caminhava pelo Centro de Fortaleza quando começou a sentir os sintomas. Suspeitando de lesão muscular, deu continuidade à rotina até que a dor na região do tórax – que irradiava para os braços – se tornou “horrível”, o fazendo suar bastante até “pingar pelos dedos”. “Uma dor que você não tem posição para ficar deitado, em pé ou sentado”, diz. Apenas no dia seguinte, cerca de 20 horas depois e alguns exames, descobriu que se tratava de um infarto do miocárdio. “Eu tinha uma vida muito sedentária, só trabalhava, ia para casa, dormia mal e fumava muito”, relata Ednardo.
De acordo com o professor de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e diretor da Unidade de Investigação Cardiológica (Unicordis) do Hospital São Mateus, Ricardo Pereira Silva, essas características do estilo de vida de Ednardo são causas que podem facilitar um IAM. O cardiologista explica que existem 10 fatores imutáveis e mutáveis relacionados ao infarto: idade, sexo masculino, histórico familiar, obesidade, hipertensão, diabetes, tabagismo, sedentarismo, estresse e dislipidemia (colesterol elevado).
No entanto, para além destes, o professor afirma que distúrbios da coagulação e o uso de drogas ilícitas também contribuem para ataques cardíacos em pessoas mais jovens que, nessa fase, apresentam consequências mais letais. “As pessoas que infartam em idade avançada, à medida que as artérias vão ficando obstruídas, o organismo vai fabricando circulações colaterais. No jovem, não há tempo para a permutação dessa circulação colateral, então, muitas vezes, o infarto é fatal”, ressalta.
Conforme a Sesa, homens são mais acometidos do que mulheres. Nos últimos cinco anos, o sexo masculino representa 56,12% dos casos entre todas as faixas etárias.
Cuidados
Após o susto, Ednardo Conrado decidiu adotar uma mudança de hábitos. Submetido a uma angioplastia, o servidor público se recuperou do acidente em três dias. “Eu acho que teve esse lado bom porque depois (do infarto) a minha vida mudou. A gente passa a ver melhor o mundo e a forma de como ter uma vida bem mais saudável”, pondera. Hoje, ele faz atividades físicas moderadas com treino na academia, além de manter acompanhamento médico.
“Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) estão intimamente relacionadas ao estilo de vida saudável (prática de atividade física, alimentação saudável, combate ao tabagismo etc.) e ao atendimento primário de saúde (fornecimento de medicamentos básicos, controle regular de PA, peso e glicemia, acesso a exames etc)”, informou a Sesa, em nota, explicando que, através desses aspectos, é possível evitar o desenvolvimento de complicações ou óbitos em pacientes diagnosticados.
“O tratamento de um infarto ocorre com a desobstrução mecânica da artéria acometida, por meio de cateterismo, se o paciente chega no hospital com até 12 horas do acontecido”, diz Ricardo Pereira Silva. Ele lembra que o serviço funciona 24h nos hospitais.