Quanto mais ativo, melhor o resultado

Matéria publicada no Jornal “Diário do Nordeste”, em 27 de janeiro de 2002

 

A preocupação com a prática de exercícios físicos para a manutenção da saúde não deve se limitar ao praticante de atividade física cardiopata. No caso de desportistas com problemas cardíacos ou predisposição a eles, o efeito do exercício físico na redução de eventos coronarianos é diretamente proporcional à sua intensidade. Quanto mais ativo, melhor o resultado. Segundo o cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará UFC), Ricardo Pereira Silva, doutor pela Universidade de São Paulo (USP), quanto mais tempo for dedicado ao exercício, melhor para o indivíduo. No entanto, algumas recomendações devem ser feitas, entre as quais, o acompanhamento médico. Se existirem pelo menos sintomas de problemas cardíacos, o acompanhamento deve ser constante, uma vez que, se o exercício for praticado de forma errada pode até causar morte súbita. Quando o resultado não é fatal, pode evoluir para um quadro de angina (dor opressiva no peito) ou para um infarto (obstrução total de uma das artérias coronárias com morte de parte do músculo cardíaco). Os sintomas de problemas cardíacos podem surgir em qualquer idade. Dores no peito, falta de ar, palpitação, taquicardia e pressão arterial elevada são os achados mais comuns. Se o colesterol for elevado, é grande o índice da existência de predisposição para uma doença cardíaca. A partir dos 40 anos de idade, toda pessoa antes de iniciar a prática de algum tipo de esporte, deve procurar um cardiologista. Se os sintomas aparecerem antes desta idade, a procura dever ser antecipada. De acordo com o Dr. Ricardo, o exercício físico reduz a predisposição a formação de coágulos dentro das artérias coronárias; modifica favoravelmente o perfil lipídico, aumentando a fração HDL do colesterol (“bom colesterol); melhora a complacência arterial, o que implica em redução da pressão arterial., Além de efeitos ligados ao sistema cardiovascular, as melhorias se estendem ao âmbito psíquico. Segundo o cardiologista, a ansiedade e a depressão t?????????A pambém diminuem, o que é um benefício para o indivíduo como um todo. As vantagens do exercício físico, na opinião do Dr. Ricardo Pereira Silva, ocorrem em ambos os sexos e em todas as idades. “Tanto as atividades de lazer como as ocupacionais têm efeitos benéficos”. Por isso, subir escadas, realizar trabalho doméstico ou jardinagem se aplicam à prática de exercícios físicos habituais. O médico afirma que o ideal é o exercício contínuo, durante uma hora por dia, cinco vezes na semana. Mas se o exercício é feito de forma habitual, ele também pode ser realizado durante 10 minutos, várias vezes ao dia. De acordo com o cardiologista, os pacientes de mais alto risco requerem níveis maiores de atividade. Os exercícios mais indicados são os aeróbicos, como andar, correr, andar de bicicleta e nadar. Os exercícios isométricos, que incluem levantamento de peso também podem ser praticados mas requerem uma monitorização mais intensa do paciente. A avaliação para a prática dos exercícios comumente é baseada no teste ergométrico. Segundo o médico, há pesquisas que demonstram que o período ideal do dia para se exercitar é o início da noite.“Para o nosso clima quente, nunca é recomendável se exercitar em torno do meio dia, principalmente se o exercíco é feito em local descoberto”.

 

Prof. Dr. Ricardo Pereira Silva

Professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Mestre pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (ESPM)
Doutor pela Universidade de São Paulo (USP)