© 2004 Editora Verdes Mares. Diário do Nordeste, Domingo – Caderno Viva – 05/Junho/2011
CARDIOLOGIA: ESPECIALISTA ENUMERA MEDIDAS QUE VISAM REDUZIR OS FATORES DE RISCO NA POPULAÇÃO FEMININA
A “American Heart Association”, através de sua prestigiosa revista “Circulation”, periodicamente lança diretrizes sobre assuntos diversos da cardiologia. Em 2004 foram lançadas as diretrizes para prevenção da doença cardiovascular da mulher. Este documento foi atualizado em 2007 e reatualizado em 2011, com a publicação no dia 22 de março.
Minha cara leitora, há alguns tópicos deste documento que só interessam ao seu médico. Só ele saberá como interpretá-los e como utilizá-los para lhe ajudar. No entanto, existem vários outros tópicos que falam diretamente a você. É sobre eles que passaremos a discorrer.
Dr. Ricardo Silva: as mulheres devem realizar exercícios que envolvam todos os grandes grupos musculares
Na introdução do atual documento é lembrado que a taxa de consciência de que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as mulheres nos EUA aumentou de 30% em 1997 para 54% em 2009. Por outro lado, a taxa de mortalidade por doença coronariana nas mulheres em 2007 caiu para um terço do que era em 1980.
Aproximadamente 50% desta queda pode ser atribuída à redução dos fatores de risco e a outra metade pode ser atribuída ao melhor tratamento das doenças cardiovasculares nas mulheres.
Em 2007, morreu uma mulher por minuto de causa cardiovascular nos EUA. O total de mortes por ano (421 918 mortes) representa mais do que as mortes por câncer, doença respiratória crônica, doença de Alzheimer e por acidentes, todas juntas.
Existem várias particularidades nas doenças cardiovasculares quando atingem as mulheres. A cada ano, nos EUA, 55 000 mulheres mais do que homens têm AVC. Depois dos 65 anos de idade, a incidência de hipertensão arterial é maior nas mulheres do que nos homens. Quase 2/3 das mulheres americanas com idade superior a 20 anos estão obesas ou apresentam pelo menos sobrepeso. Enquanto que nos homens, a doença coronariana representa uma maior fatia que o AVC entre as doenças cardiovasculares, nas mulheres, ocorre o contrário.
Em relação ao risco cardiovascular, quando podemos considerar que uma mulher tem alto risco? Se ela apresentar alguma das seguintes condições: doença cérebro-vascular, doença arterial periférica, aneurisma da aorta abdominal, insuficiência renal crônica, diabete ou previsão de risco cardiovascular superior a 10% em 10 anos.
Mulheres de risco moderado ou pequeno apresentam pelo menos uma das seguintes situações: tabagismo, pressão arterial PA (pressão arterial) sistólica >120 mmHg, PA diastólica >80 mmHg, hipertensão arterial tratada, colesterol total >200 mg/dl ou tratamento para dislipidemia, obesidade, dieta pouco saudável, inatividade física, história familiar de doença cardiovascular prematura, síndrome metabólica, aterosclerose subclínica, fraca capacidade de realizar exercício físico, doenças autoimune como lúpus ou artrite reumatoide, história de pré-eclâmpsia, diabete gestacional ou hipertensão na gravidez.
Agora é com você leitora! Os itens a seguir dependem totalmente, ou pelo menos em grande parte, de você. As mulheres com saúde cardiovascular ideal devem apresentar todos os seguintes itens: colesterol < 200 mg/dl (sem tratamento), PA sistólica < 120 mmHg, PA diastólica < 80 mmHg, peso ideal (IMC < 25 kg/m2), abstinência do tabagismo, atividade física (150 minutos/semana de atividade moderada ou 75 minutos/semana de atividade vigorosa). Em relação à atividade física, benefícios cardiovasculares adicionais podem ser obtidos ao se aumentar o tempo de atividade física para 5 horas/semana de atividade moderada ou duas horas e meia/semana de atividade vigorosa. As mulheres devem ser aconselhadas ainda a realizaram exercícios de musculação que envolvam todos os grandes grupos musculares. Boa sorteRicardo Pereira Silva é professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da UFC, Mestre em Cardiologia pela Escola Paulista de Medicina, Doutor em Cardiologia pela USP, Médico cardiologista do Hospital São Mateus.
Prof. Dr. Ricardo Pereira Silva
Professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Mestre pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (ESPM)
Doutor pela Universidade de São Paulo (USP)